Pleroma heteromalla
Ipomoea hederifolia
Reserva
Mãe-da-Lua

Espécie anterior Próxima espécie

Clusia cf. panapanari (AUBL.) CHOISY

Fam.: Clusiaceae
Sinónimos: Clusia colorans KLOTSCH ex ENGL.
Clusia microphylla KLOTSCH ex ENGL.
27/01/2019. Reserva Mãe-da-Lua, Itapajé-CE.

Figura 1.

Esta planta ocorre na serra da Reserva, especialmente em áreas rochosas com vegetação baixa e com muito sol. Eu determinei a espécie Clusia panapanari consultando a literatura especializada (veja abaixo), os registros de Clusia no Ceará (SpeciesLink), e "Google Images". Contudo, não encontrei muito material conciso e informativo, e a ID não é totalmente segura.

Clusia panapanari é dioica. Segundo Maguire 1966, as flores estaminadas têm geralmente 15-25 estames, raramente tão pouco quanto 5. Os estames são livres e formam uma massa subglobosa central. Existem também flores masculinas com pistilódio, e estes têm geralmente 8-10 estames. Ainda segundo o mesmo autor, as flores pistiladas têm 5 estigmas e 5 estaminódios que são um pouco mais largos que os estames da flor estaminada. Veja também Bittrich & Amaral 1997, p. 631.

Então, a flor da minha foto é provavelmente uma flor pistilada. Mas vale ressaltar que no gênero Clusia existem também espécies com flores hermaphroditas e especies com reprodução por sementes não-fertilizadas (agamospermy) (Martins et al. 2007).

As fotos das fig. 3-8 são de datas e de indivíduos diferentes.

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27/01/2019. Reserva Mãe-da-Lua, Itapajé-CE.

Figura 2.

Vista lateral da flor mostrada na fig. 1.

Muitas espécies de Clusia, inclusive a nossa C. panapanari, atraem insetos polinizadores com resina, e não com néctar. "..the male flowers of C. pana-panari secrete a rather fluid resin mixed with pollen at their apex. The female flowers have only five thick staminodes which secrete clear viscous resin at their apex around the antherodes. Resin production started at c. 23:00 in both male and female flowers." Bittrich & Amaral 1997, p. 631.

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23/07/2017. Reserva Mãe-da-Lua, Itapajé-CE.

Figura 3.

As folhas são simples, inteiras, e grossas, com filotaxia oposta e cruzada.

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23/07/2017. Reserva Mãe-da-Lua, Itapajé-CE.

Figura 4.

Face abaxial e adaxial da folha.

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11/03/2021. Sítio Mãe-da-Lua, Itapajé-CE.

Figura 5.

(A) Eu quebrei uma folha no meio. Logo, aparece um líquido esbranquiçado na ferida do limbo.
(B) As duas partes da folha foram rejuntadas, e o líquido pode ser visto ao longo da linha da ruptura.

O líquido esbranquiçado contem resina e outras substanças e ajuda possívelmente na defesa da planta contra herbívoros e patogenos (Marinho et al. 2020, p.271). Já foi mencionado por Aublet 1775b: "L'écorce & les feuilles.. quand on les entame, laissent échapper um suc jaune qui, étant desseché, ressemble à la gomme gutte, & se dissout comme elle dans l'eau." (p. 901). O termo "gomme gutte" é explicado aqui.

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29/12/2017. Reserva Mãe-da-Lua, Itapajé-CE.

Figura 6.

Os indivíduos de várias espécies de Clusia podem se desenvolver como planta terreste ou alternativamente como epífita. Se a semente germinou acima de outra árvore (na forquilha entre dois ramos grandes, por exemplo), a planta pode se fixar com raizes aéreas na casca e estabelecer contato com o solo, também mediante raizes aéreas, que crescem até o chão. Estas raízes podem estrangular e matar a árvore de suporte, de maneira que a Clusia acaba substituindo-a (Lüttge & Duarte 2007). Gameleiras (Ficus spp.) apresentam a mesma forma de crescimento e são por isso chamadas de mata-pau.

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14/03/2021. Reserva Mãe-da-Lua, Itapajé-CE.

Figura 7.

Clusia como epífita no tronco de uma gameleira. A seta vermelha indica a Clusia. A seta azul mostra uma raiz aérea da epífita, que desce até o solo.

Este é uma das duas Clusias epífitas que eu notei na Reserva. Parece que a espécie é a mesma que a Clusia terreste, mas não tenho certeza.

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05/01/2021. Reserva Mãe-da-Lua, Itapajé-CE.

Figura 8.

Frutas.

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05/01/2021. Reserva Mãe-da-Lua, Itapajé-CE.

Figura 9.

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Literatura consultada

Alencar & Marinho 2017, p. 938 e fig. 3c,d
Aublet 1775b, p. 900 e 1875d, t. 344 (Quapoya)
Bittrich & Amaral 1997
Eichler 1888, p. 425
Lüttge 2007
Maguire 1966, p. 71
Marinho et al. 2020

Veja também: La chaussette rouge.

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